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A extraordinária Istambul

Assim que desembarcamos na estação de trem, tive uma ótima primeira impressão dos turcos: um taxista além de nos dar informações, sugeriu que fôssemos a pé até Sultanahmet (região central da cidade, que concentra vários albergues) – acho que esse foi o cúmulo da honestidade.

Após uma breve caminhada encontramos mais de uma dezena de albergues e hoteis baratos. Pesquisamos alguns e escolhemos o Sydney Hostel que tinha um terraço interessante, vaga para nós quatro e um restaurante bacana logo embaixo. As construções nessa região são parecidas, com uns quatro andares que terminam, quase sempre, em um terraço com vista para Istambul e o Bósforo.

Nem bem saímos para explorar a misteriosa capital turca e já demos de cara com a imponente Mesquita Azul que era justamente o ponto que eu mais queria conhecer – mas tive que esperar. Fizemos uma breve pausa para fotos e continuamos, pois a primeira parada era no Grand Bazaar, que dizem ter em torno de 5.000 lojas e ser o primeiro e o maior centro de compras do mundo – há quem conteste, mas o que importa mesmo é visitá-lo e apreciá-lo e, se não for o primeiro nem o maior, talvez seja o mais interessante de todos. O complexo possui quatro entradas principais (num total de 18) e recebe diariamente cerca de 250 a 400 mil pessoas. Suas lojas possuem de tudo um pouco: guloseimas tradicionais (deliciosas), roupas, objetos de decoração, narguilés, kebabs, joias, acessórios diversos, louças, tapetes, luminárias, e mais uma infinidade de coisas. Se for comprar alguma coisa, é fundamental negociar pois, além de fazer parte da tradição, a pechincha pode valer metade (ou até mais) do valor inicial. Antes de continuar o passeio, paramos em uma lanchonete do lado de fora do Grand Bazaar, onde comi um kebab et dürüm, aquele enroladinho como um wrap.

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Enfim, era chegada a hora de visitar a Mesquita Azul. Confesso que desde que li as primeiras palavras sobre essa mesquita, alguns anos antes, ela exerceu um certo fascínio sobre mim, talvez tenha sido por sua beleza, por sua grandiosidade ou por sua história. Essa obra de arte foi construída entre 1603 e 1617, durante o comando de Ahmed I, sultão do Império Otomano. Olhando por fora, ela se destaca por ser a única mesquita da cidade a possuir seis minaretes. Entramos seguindo as exigências, todos descalços e as meninas com um véu cobrindo cabelos e ombros. Seu interior tem o piso forrado de carpete predominantemente vermelho, em suas paredes e teto formam-se mosaicos, assim como em suas cúpulas e sua iluminação durante o dia é fundamentalmente de luz solar que atravessa suas 260 janelas.

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Atravessamos um belo e bem cuidado jardim até chegar em outra importante mesquita, a Ayasofia, construída entre 532 e 537. Originalmente era a Catedral de Constantinopla e foi a maior igreja do mundo por oito séculos, quando tornou-se mesquita devido à tomada dos otomanos. Desde 1934 virou um museu com arte cristã e muçulmana.

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Pegamos um bonde com sentido a Beyoğlu, uma parte mais moderna de Istambul. De funicular, chegamos à Galata Square, de onde seguimos para Istiklal Caddesi, o calçadão mais movimentado da cidade com uma grande oferta de restaurantes e comércio. É fácil encontrar boas opções para comer, incluindo kebabs, doces turcos (de ótima qualidade), sorvetes, e também lojas de grifes internacionais, galerias com produtos locais e shopping center. Vale a pena prestar atenção nas vitrines dos restaurantes, onde ficam expostas as suculentas produções recém preparadas. Também é muito comum encontrar barraquinhas de rua que vendem castanhas e simit (pão típico, em forma de rosquinha) À medida que caminhávamos, íamos fazendo pequenas pausas para experimentar as iguarias, geralmente deliciosas. Cortando esse calçadão, corre um bonde sobre trilhos – útil para voltar da caminhada que pode durar horas.

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No caminho de volta, apreciamos a vista na margem do Estreito de Bósforo que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e divide Istambul e os continentes europeu e asiático. Próximo dali estranhei ao me deparar com uma loja de armas na entrada do metrô.

Essa noite jantamos no restaurante que ficava embaixo do albergue. O prato que escolhi era generoso e vinha com arroz, salada, frango e batata – tudo muito bem temperado. Para acompanhar pedi a cerveja Efes. Após a refeição, foi servido o famoso çay (que significa chá, e se pronuncia tchai).

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Após o jantar, caminhei até a Mesquita Azul para tirar algumas fotos noturnas. Depois, sentei-me no terraço do albergue para relaxar enquanto avistava a poucos km, do outro lado do Bósforo, a Ásia.

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Começamos o outro dia indo até a estação de trem, onde eu garanti minha passagem para Bucareste, capital da Romênia. Dali seguimos para o Spice Market (Mercado de Especiarias, também conhecido como Mercado Egípcio). É uma profusão de cores, cheiros, formas e sabores, aguçando nossos sentidos. Experimentei, entre baklavas e künefes, um doce que era uma espécie de gelatina dura recheada de nozes que era uma delícia. Continuando as aventuras gastronômicas, comi uma espécie de quibe cru muito picante com alface e pão sírio, feito na hora por um senhor de idade que se estabelecia, aparentemente, improvisado em uma das portas do mercado. A cada mordida eu sentia aumentar a ardência causada pela pimenta e a solução foi tomar um suco natural de laranja em uma das várias lojas desse tipo que se encontram pelas proximidades daquele mercado.

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Pela primeira vez, vi pessoalmente os fiéis muçulmanos chegando às mesquitas e lavando seus rostos, mãos e pés nas torneiras que ficam do lado de fora. Cinco vezes por dia eles são convocados a orar por meio dos alto-falantes que ficam presos aos minaretes das mesquitas, Ezan (que significa oração em turco) é nome dessa chamada, desse som parecido com um canto, que domina os céus de Istambul e nos envolve pela audição. A primeira oração é feita ao nascer do sol, a segunda é ao meio-dia, a terceira por volta das 15h30, a quarta oração ocorre durante o pôr do sol e a quinta, e última, deve ser feita até a meia-noite.

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Entramos no Topkapi Palace, constituído por vários prédios que formam um verdadeiro labirinto e guarda relíquias como pertences do profeta Maomé e o diamante Kasikci de 86 quilates e abraçado por 40 brilhantes. Apesar de ser o museu mais visitado do país, não achei o Palácio tão deslumbrante assim. O destaque vai para as salas do Harém, mas deixo claro que não consegui visitar todas as salas. O mais curioso é que, ainda nas dependências do Palácio, quem virou atração fui eu. Certamente confundido com alguma personalidade, muitas pessoas pediram para tirar fotos comigo, incluindo turcas muçulmanas. Em uma das fotos cometi uma gafe ao tocar uma delas nas costas – não se pode tocar uma mulher muçulmana. Acostumado em abraçar as pessoas para tirar fotos, fui alertado pelos meus amigos e imediatamente lhe pedi desculpas, mas ficou tudo bem e continuamos com os flashes!

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O almoço foi tardio mas no melhor estilo turco. Sentados sobre tapetes e almofadas, comemos sobre uma mesa baixa, enquanto escutávamos uma banda ao vivo, dentro do restaurante. Saboreei meus dois pratos: um de pimentões recheados e salada de alface, cenoura e beterraba e o outro, o tradicional gözleme, o crepe turco.

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Esticamos a caminhada e fomos mais uma vez até a margem do Bósforo – como optamos por não fazer o passeio de barco, popular entre os turistas, ficamos ali, apenas olhando e eu, particularmente, curtindo meus últimos instantes em Istambul – e últimos também com meus amigos, pois eu daria continuidade ao meu roteiro sem eles.

Mas a despedida tinha que ser mais animada, afinal queríamos celebrar a bela amizade que nos manteve juntos por esse período da viagem, que começou no ferry entre Itália e Grécia e nos levou até a Turquia. Encontramos um barzinho bacana, com tapetes e almofadas espalhados pelo chão. Pedimos Efes e narguilé (cortesia da casa) enquanto conversávamos e relembrávamos os bons e engraçados momentos da nossa viagem.

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Um tempo depois, corri para o albergue e peguei minha mochila. Quando fui me despedir, fiquei surpreso pois todos fizeram questão de me acompanhar até a estação de trem. Feliz por ter feito novos amigos mas triste por deixá-los, embarquei no que seria a minha viagem mais longa de trem de todo o mochilão, de Istambul a Bucareste, na Romênia.


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Este é o 38º post da série Mochilão na Europa I (28 países)

Leia o post anterior: No trem: de Atenas para Istambul

Leia o post seguinte: Multado no trem: a interminável viagem de Istambul a Bucareste


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GUILHERME GOSS

Turismólogo, travel writer e diretor da Reisen Turismo. Tem duas paixões: sua família e as viagens. Começou a viajar aos 17 anos e, até agora, 65 países não foram capazes de detê-lo! Sua melhor viagem é sempre a próxima!

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