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Alguém me traga um pastel de Belém, por favor! (Lisboa, Portugal)

Estou no trem, confuso. Minhas emoções estão divididas. Estou deixando pra trás a apaixonante cidade do Porto e me aproximando de uma grande metrópole, Lisboa. Será que vou gostar? Mas, como tudo na vida passa, a cada parada do trem pelo caminho, a saudade vai desembarcando para dar lugar à curiosidade e à empolgação, que logo tomam conta de mim.

A viagem foi rápida e tranquila. Desembarco do trem e pego o metrô. As instruções para chegar ao albergue estão um pouco confusas. Hesito, mas decido pedir ajuda a um senhor e me surpreendo com tanta disposição em ajudar. Desconfio, afinal ele chegou a sair do vagão só para me explicar o caminho até o albergue. Sorte minha! Saindo da estação Picoas, e seguindo os conselhos daquele senhor, encontrei facilmente a Pousada da Juventude Lisboa (ou Lisbon-Centre Hostel). O albergue é enorme, o que lhe dá um ar impessoal e pouco acolhedor. Está mais para um hotel econômico que para um albergue de mochileiros. Entretanto, tinha uma limpeza e organização impecáveis. Meu companheiro de quarto, Diego, também é brasileiro, mas quase não tivemos tempo de conversar.

Eram cerca de 16h e eu ainda não havia almoçado. Saio pelas ruas, meio sem rumo, à procura de um restaurante. Encontro poucas opções e escolho a mais apresentável. Nos aquários, os caranguejos parecem um pouco abatidos (no sentido emocional!), talvez com medo de serem as próximas vítimas. Prefiro não arriscar e faço um pedido pra não errar: estrogonofe de frango. Engano meu! O frango chega mergulhado em um caldo aguado (parecido com a água turva do aquário, eca!) e acompanhado por uma porção de arroz. O gosto? Bem… eu estava faminto, lembra? Enquanto converso com o garçom a respeito dos pontos turísticos da cidade, Cristiano Ronaldo faz o restaurante tremer com a vibração dos clientes, ao marcar um gol pelo Manchester (estamos em 2008) contra o Derby, no campeonato inglês. Pago a conta e é hora de descobrir a cidade de Fernando Pessoa.

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Começo o passeio pela Avenida Liberdade – umas das principais vias lisboetas –, fotografando monumentos e lojas de grife que se sucedem, até dar uma pausa para visitar o meu primeiro Hard Rock Café na Europa. Fã de música, faço questão de conferir quem são os donos das roupas e instrumentos expostos no local. Mas deixemos o rock de lado, afinal estamos no país do fado!

Na grande Praça do Rossio, minha atenção fica dividida entre suas fontes e o belo Teatro Nacional e é ao som de flautas peruanas – tocadas por um grupo instalado na calçada – que sigo para o disputado elevador Santa Justa, em funcionamento desde 1902. No terraço do elevador há um bar onde portugueses e turistas relaxam e tomam seus drinques ao som de Garota de Ipanema, tocada ao vivo, em voz e violão. Passo pelo Museu Arqueológico e chego ao Largo do Carmo, um local agradável, bem arborizado, cercado de belas construções com incríveis fachadas de azulejo.

As luzes se acendem e a vista que se tem do resto da cidade ganha um charme especial. Lá de cima podem-se avistar várias atrações: a Praça do Rossio, o Castelo de São Jorge, a Sé, entre outras. Desço o elevador e elejo um bar próximo ao Teatro Nacional para degustar uma Super Bock (a cerveja local), servida por uma garçonete brasileira, para encerrar o dia.

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O dia seguinte amanheceu acinzentado. Tento fazer as reservas para os próximos destinos: Madri e Barcelona; mas não consigo para este último, as opções que eu queria estão lotadas. Ainda preocupado com a situação, parto rumo ao Castelo de São Jorge. No caminho sou interrompido por uma multidão que acabara de largar em uma maratona. Aguardo até que todos passem e sigo adiante. Ao procurar um acesso para o Castelo, encontro sobre a parede, uma discreta placa que diz “Escadinhas de São Cristóvão”. Decido subir por elas, passando entre becos e infindáveis degraus. Serpenteando pelo caminho, chego até um pequeno restaurante em uma esquina espremida onde paro e reabasteço as energias para, então, visitar as ruínas do Castelo. Talvez mais interessante que ele próprio, sejam as vistas magníficas que se tem – é possível enxergar toda a cidade de diversos ângulos.

Já do lado de fora, sou atraído por um som diferente. Em um restaurante com mesas distribuídas pela calçada, dois senhores, sentados, tocam seus instrumentos, um bandolim e um violão; em pé, o cantor anda de um lado pro outro, entoando o que, mais tarde, descobri ser a canção “Canoas do Tejo” de Carlos do Carmo:

Canoa de vela erguida,
Que vens do Cais da Ribeira,
Gaivota, que andas perdida,
Sem encontrar companheira

O vento sopra nas fragas,
O Sol parece um morango,
E o Tejo baila com as vagas
A ensaiar um fandango

[Refrão:]
Canoa,
Conheces bem
Quando há norte pela proa,
Quantas docas tem Lisboa,
E as muralhas que ela tem

Canoa,
Por onde vais?
Se algum barco te abalroa,
Nunca mais voltas ao cais,
Nunca, nunca, nunca mais

Canoa de vela panda,
Que vens da boca da barra,
E trazes na aragem branda
Gemidos de uma guitarra

Teu arrais prendeu a vela,
E se adormeceu, deixá-lo
Agora muita cautela,
Não vá o mar acordá-lo

Prossegui o passeio pela e pela grandiosa Praça do Comércio (ou Terreiro do Paço), junto ao Rio Tejo. Por ser um domingo, tudo estava chato pacato demais. Por isso, decidi pegar o metrô para o outro lado da cidade, até a estação Oriente, e visitar o Oceanário. Todo seu entorno é muito bonito, e ali também está o Parque das Nações, um moderno complexo que compreende shopping, teleférico, centro de eventos – uma megaestrutura. Mas falando apenas do Oceanário, posso dizer que a visita foi surpreendente. Além de um gigantesco aquário central, todas as formas de vida existente nos mares e oceanos do nosso planeta podem ser vistas ali – de tubarões a pinguins. Definitivamente, é uma atração que merece uma visita.

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oceanario de lisboa

Meu terceiro, e último, dia na capital lusitana estava reservado para Belém – e seus pasteis, claro! Para chegar lá, pego a linha verde do metrô até sua última estação: Cais do Sodré. Depois, continuo o trajeto, de bonde (o chamam de elétrico), por um bom tempo, até a Torre de Belém. Sua beleza até nos faz esquecer que fora construída (entre 1514 e 1520) com o objetivo de dar proteção contra invasores. Ao lado da torre se encontra o Museu do Combatente e um memorial dedicado aos soldados portugueses mortos em batalhas. Também próximo dali, fica o Padrão dos Descobrimentos, um grande monumento em forma de caravela que homenageia os gloriosos navegadores nativos. Do alto de seu mirante, pode-se enxergar melhor o mosaico, de mármore, formado no calçadão que dá acesso ao monumento: uma Rosa dos Ventos (de 50 metros de diâmetro) com o mapa-múndi ao centro, ilustrando as rotas percorridas pelos conquistadores. Do lado esquerdo, o que chama a atenção é uma marina repleta de veleiros cujos proprietários, certamente, zarpam inspirados pelos heróis nacionais. Logo atrás do Padrão, atravessando a Avenida Brasília e o belo Jardim da Praça do Império, outra atração imperdível é o belíssimo Mosteiro dos Jerônimos, que abriga os restos mortais do navegador Vasco da Gama e dos pensadores Fernando Pessoa e Camões.

A garoa era insistente e o passeio chegava ao fim, pois à noite pegaria um trem para Madri. Eu, por um descuido imperdoável, me esqueci de provar os famosos e deliciosos pasteis de Belém… Tá aí um bom motivo pra voltar!


Este é o 4º post da série Mochilão na Europa I (28 países)

Leia o post anterior: Amor à primeira visita (Porto, Portugal)

Leia o próximo post dessa série: Artes e paella! (Madri, Espanha)

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GUILHERME GOSS

Turismólogo, travel writer e diretor da Reisen Turismo. Tem duas paixões: sua família e as viagens. Começou a viajar aos 17 anos e, até agora, 65 países não foram capazes de detê-lo! Sua melhor viagem é sempre a próxima!

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