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Cuenca, a cidade mais bonita do Equador

Fala, viajante!!

No post anterior contei como foi a experiência de atravessar, por terra, a fronteira do Peru com o Equador, até Huaquillas. De lá seguimos de ônibus para Cuenca, que é o tema do post de hoje.


Cuenca, a cidade mais bonita do Equador

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Tomamos um ônibus em Huaquillas, cidade equatoriana que faz fronteira com o Peru, por US$ 7 com destino a Cuenca. A viagem, pela Rodovia Panamericana, durou quase 6 horas em um pinga-pinga da empresa Pullman Sucre.

Logo ao desembarcarmos na rodoviária começaram as surpresas. Primeiramente, sim, lá existe uma rodoviária que atende a todas as empresas – diferentemente de todas as cidades que havíamos visitado até então. O salão de espera era organizado, limpo e bonito, com lojas e restaurantes. Precisávamos de algumas informações sobre a cidade e como chegar ao albergue e, adivinhem: há um ótimo posto de informações turísticas na rodô.

A primeira impressão havia sido muito positiva, mas foi ao sair da rodoviária que ficamos “de cara” ao ver os táxis organizados em fila, sem chamar nem buzinar para os pedestres. Antes de embarcar, porém, decidimos comer ali mesmo, em uma espécie de praça de alimentação anexa ao terminal. O chaulafán custou US$ 6 e a Inca Kola de 1 litro saiu por US$ 1,50. Enquanto almoçávamos, percebemos que havia vários policiais mantendo a segurança do local. Após o almoço tomamos um táxi por US$ 1,50 até o nosso albergue – até o centro da cidade custa a mesma coisa. Os táxis oficiais são amarelos e possuem câmeras de segurança interna.

Ficamos hospedados no AlterNative Hostel, um albergue bem localizado, no encontro da Calle Larga, Huayna-Capac e Cacique Duma, a 15 minutos do centro histórico, é novinho, limpinho e possui um ótimo atendimento. A diária em quarto compartilhado custa US$ 11 e inclui café da manhã. Possui uma agradável sacada no 2º andar. Na rua lateral há um bar anexo a ele e a poucos metros, convenientemente, um mercadinho.

Quando entramos no quarto, parecia que tinha passado um furacão por lá. Todas as camas cheias de coisas: violão, notebook, roupas e até um cartão de crédito jogado… Avisamos o recepcionista que foi checar e juntou tudo na mesma cama para que pudéssemos nos acomodar – pois só havia um hóspede naquele quarto, um tanto bagunceiro. E não demorou muito para que o conhecêssemos. Era um inglês, bem jovem e gente boa, que estava rodando pelas Américas e ia terminar a viagem justamente no Brasil, para encontrar sua namorada no interior de São Paulo.

Enquanto o gringo tentava organizar sua bagunça, nos despedimos e fomos conhecer o centro histórico. Seguimos pela Huayna-Capac, uma grande avenida, e quando chegamos ao coração da cidade tive a sensação de estar na Europa – não apenas pela arquitetura mas principalmente pela limpeza e organização. Quando nos aproximamos do Parque Abdon Calderon (a praça central) vimos e ouvimos uma grande mobilização. Voluntários, jovens e adultos, trabalhavam na arrecadação e no carregamento de doações para as vítimas do terremoto que havia recém atingido as cidades costeiras, principalmente Pedernales. Percorríamos os arredores da praça e, ao mesmo tempo, nossas expectativas iam se superando. Era início de noite, as luzes estavam se acendendo e confirmando a beleza de Cuenca.

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Nosso jantar foi no Restaurante Cositas, um ambiente completamente decorado com tudo o que se possa imaginar, são “cositas” penduradas por todos os lados. Desde máquinas de escrever antigas, até fotos de campeões de fisiculturismo – e piadas espalhadas pelas paredes dos banheiros. Mas o que mais chamou a atenção foram os preços dos pratos. Um prato típico (seja de carne, frango ou porco) varia entre US$ 6-8 e as porções são grandes.

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No dia seguinte, durante o café da manhã, levei uma longa conversa com a Nicole, gerente do albergue, e ela me deu várias dicas sobre a cidade e também me explicou sobre um fato preocupante que vem ocorrendo na cidade. A beleza, o charme e o clima de Cuenca (que está a 2.535 metros de altitude) atraem muitos estrangeiros aposentados, principalmente europeus e norte-americanos. Os “gringos” chegam com os bolsos cheios de dólares para desfrutar confortavelmente suas aposentadorias. E é aí que mora o problema dos cuencanos. A aquisição de imóveis por parte dos estrangeiros gerou um boom imobiliário que inflou os preços do mercado e, hoje em dia, já é difícil para um equatoriano poder comprar um bom imóvel na cidade.

Neste dia, fizemos um caminho diferente para o centro histórico. Subimos pela Calle Larga de onde, a partir de certo ponto, pode-se observar o Río Tomebamba. Para quem caminha nesse sentido, pouco antes de chegar à igreja de Todos Santos, existe um agradável mirante de frente pro rio – muito útil para descansar um pouco da subida íngreme e da altitude. Mais tarde descobri que esse mirante já havia sido uma ponte e que sua outra metade havia sido levada pelo rio em uma de suas cheias revoltosas. Hoje, o local é um símbolo da cidade e é conhecido como Puente Roto (ponte quebrada).

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Continuamos pela Calle Larga por mais alguns metros, até encontrarmos a Escalinata Miguel Sojo Jaramillo. Descemos as escadarias e atravessamos a ponte que cruza o rio e liga à rua Frederico Malo para conhecer o Parque de la Madre – uma grande praça com pista de caminhada, obras esculpidas em troncos de árvores (como grandes totens) e um Planetário (atração gratuita). Inédito para mim, foi ver o “Solmáforo”: um indicador de radiação ultravioleta com seis níveis (de muito baixo a extremo), muito útil para que as pessoas controlem sua exposição ao sol. Nessa praça havia também mais um ponto de coleta de suprimentos para as vítimas do terremoto.

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Voltamos à margem do rio e caminhamos mais alguns metros pela Avenida 12 de Abril até chegarmos ao Museo de História de la Medicina. A entrada é gratuita mas podem solicitar uma pequena doação para a manutenção do museu. Para quem é médico, ou ligado à saúde, pode ser interessante mas, para o público em geral, sinceramente, não traz grandes atrações. São grandes salas com equipamentos antigos, mas sem muita informação.

Ainda na mesma avenida, caminhamos até a próxima ponte, cruzamos de volta para a outra margem e subimos a Escalinata Juana de Oro, uma escadaria longa e alta, cujas paredes grafitadas dos prédios que a acompanham lhe dão um ar diferenciado. No meio da escadaria, uma pequena árvore, de caule e galhos finos, se faz presente. O fim da subida termina justamente na Calle Larga. Viramos à esquerda e um pouco adiante encontramos a casa Sumaglla, um antiquário com uma fachada incrível com portas-balcão esculpidos em madeira e, na parede, murais emoldurados. Tantos metros depois foi hora de conhecer o Museo del Sombrero. A entrada é gratuita e se pode ver, ao vivo, a produção de vários tipos de chapéu – e as antigas prensas foram fabricadas no Brasil, acredite. Há diversos modelos e cores à venda e bem ao fundo existe uma estreita escada que leva a um Café com uma bela vista desde o Barranco (nome dessa região mais alta à beira do rio que é, literalmente, um barranco). O local é bacana e vale a visita, mas de “museu” não tem muito. A propósito, aqui cabe uma explicação… Pra quem não sabe, o Equador é (e sempre foi) o produtor dos famosos chapéus Panamá (ou El Fino, como são chamados no país). Segundo contam, esses chapéus foram utilizados pelos franceses e norte-americanos envolvidos na construção do Canal do Panamá que, sem saber de sua origem, começaram a chamá-lo de chapéu Panamá. A fama desses chapéus ganhou repercussão internacional quando, o então Presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt apareceu nos jornais visitando as obras do Canal com um exemplar na cabeça. Pelas ruas de Cuenca encontram-se muitas fabriquetas com preços variados.

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Percorremos toda a Calle Larga e ao final dela há uma quebradinha à esquerda e o nome da rua passa a ser La Condamine. É lá que fica o macabro Prohibido Centro Cultural, um espaço dedicado à cultura obscura, alternativa e muito intrigante, que nos faz refletir sobre os padrões e preconceitos da sociedade em que vivemos – mesmo quando o assunto é arte. A entrada custa US$ 2 e você verá caveiras (muitas caveiras), poderá descansar seu pescoço em uma guilhotina, descansar dentro de caixões, vestir roupas que sua mãe jamais deixaria você usar (nem de brincadeira!) mas, acima de tudo, conhecer de perto a arte de uma cultura que você, talvez, nunca tenha dado importância.

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Saímos de lá famintos e fomos procurar o Mercado 10 de Agosto, o mercado municipal de Cuenca. O prato que mais nos chamou a atenção foi o Hornado, mas também não é pra menos… Imagine dar de cara com um porco inteiro em cima do balcão. As tias, muito cuidadosamente, enfiavam as mãos no porco e iam puxando pedaço a pedaço e servindo os pratos. Para acompanhar: purê de batatas (o deles é bem mais consistente que o nosso) e salada com cebola roxa. Tudo é feito e servido com as mesmas mãos que pegam o dinheiro e o troco. Mas quer saber? Estava uma delícia! O preço do prato varia de acordo com quantidade, há opções de US$ 3, 4 e 5. Depois do almoço, rodamos um pouco pelo mercado que também tem uma seção “feirinha do Paraguai”.

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A próxima atração visitada foi a bela Catedral Metropolitana (ou Catedral de la Immaculada Concepción), em frente à praça principal. Possui um estilo diferenciado e marcado por sua fachada de tijolos à vista e suas cúpulas azuis que podem ser admiradas a partir de diferentes pontos da cidade. Aliás, ficamos tão fascinados pelas cúpulas que encontramos um prédio comercial (na rua Padre Aguirre) e subimos até o último andar apenas para fotografá-las. Valeu a pena!

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Perto dali, na Plazoleta de San Francisco, há uma feirinha bastante diversificada onde se encontram desde artesanatos até bugigangas em geral. Talvez mais interessante seja atravessar a rua General Torres e conhecer o CEMUART (Centro Municipal Artesanal), uma galeria organizada que possui diversos tipos de artesanato de qualidade e com preços acessíveis.

Para finalizar o ótimo passeio, seguimos até o Museo Pumapungo que reúne exposições de objetos, reproduções da cultura local e as próprias ruínas de Pumapungo – segunda maior cidade Inca. Infelizmente, devido ao terremoto, o horário de visitação havia sido encurtado e acabamos dando com a cara na porta.

Cansados, mas muito felizes com os passeios, fizemos um happy hour e depois tomamos um táxi por US$ 2 até a rodoviária. Garantimos nossas passagens para Quito por US$ 10 pela empresa Super Táxis para as 22h e fomos procurar algo pra comer. A praça de alimentação que comentei quando chegamos na cidade já estava fechando, mas encontramos uma boa opção atravessando a rua. Um restaurante simples que era bom e barato, paguei US$ 4 por um prato chamado Churrascos (arroz, carne, fritas, tomate, cebola roxa e abacate) e dividimos uma garrafa de refrigerante Fioravanti Fresa (de morango, bem doce) de 1,75l por US$ 1,25.

Na hora do embarque, o ônibus não parecia grande coisa e nos lembramos que ao comprar as passagens, por um descuido, não pedimos para ver as fotos ou perguntar como era o veículo – como fazemos de praxe.

No próximo post vou contar como foi a viagem de Cuenca até Quito (será que acertamos na escolha do ônibus?) e o que fizemos durante os dias que passamos na capital.

Outras informações

Empresa de ônibus Pullman Sucre no Facebook (https://www.facebook.com/EMPRESA-INTERNACIONAL-PULLMAN-SUCRE-136104303073640/); passagem Huaquillas-Cuenca US$ 7

Táxi da rodoviária até o centro US$ 1,50-2,00

Centro de informações turísticas de Cuenca – na rodoviária e na rua Mariscal Sucre, próximo à Catedral. Abre seg/sex 8h-20h, sáb 9h-16h e dom 8h30-13h30

AlterNative Hostel – http://alternativehostal.com. End: Huayna Capac esquina com Cacique Duma, US$ 9-12 dependendo do quarto. LEMBRE-SE DE CITAR O NOME DO BLOG AO FAZER SUA RESERVA!

Restaurante Cositas – Símon Bolívar 4-49. End: Calle Larga 8-18. Pratos típicos entre US$ 6-8

Museo el Sombrero – Calle Larga 10-41. Abre seg/sex 9h-18h, sáb 9h30-17h e dom 9h30-13h30. Entrada gratuita

Prohibido Centro Cultural – Site: https://prohibidocc.wordpress.com. End: Calle La Condamine 12-102. Abre: seg/sáb 9h-21h. Entrada US$ 2

Museo Pumapungo – Calle Larga quase esquina com Huayna Capac. Abre: ter/sáb 8h-17h30, sáb/dom 10h-16h. Entrada gratuita

Empresa de ônibus Super Táxis – passagem Cuenca-Quito US$ 10 (mas lembre-se de pedir informações sobre o tipo de ônibus pra não entrar numa fria)

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GUILHERME GOSS

Turismólogo, travel writer e diretor da Reisen Turismo. Tem duas paixões: sua família e as viagens. Começou a viajar aos 17 anos e, até agora, 65 países não foram capazes de detê-lo! Sua melhor viagem é sempre a próxima!

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