Costa Amalfitana

Depois da maior confusão que rolou na Posta Italiana (leia o post anterior), Fátima e eu embarcamos juntos para Nápoles, mas tínhamos destinos diferentes. Na estação napolitana nos despedimos e eu peguei outro trem até Salerno. Durante o percurso foi possível avistar o vulcão Vesúvio – responsável pela maior tragédia da região de Pompéia –, cuja erupção, no ano 1979, matou cerca de 16 mil pessoas. Saindo da estação, tomei um ônibus para percorrer o último trecho da viagem até Atrani. Lindo e assustador ao mesmo tempo, o trajeto percorrido na Costa Amalfitana é feito por uma estreita rodovia que serpenteia pelos rochedos. As paisagens são mais deslumbrantes a cada curva, e a estrada é de tirar o fôlego – de tanto medo que dá!

Desembarcando do ônibus, desci a escadaria que conecta a rodovia ao pacato vilarejo de Atrani – que possui menos de mil habitantes. Chegando na Piazza Umberto I (a pracinha central, que lembra o pátio da vila do Chaves) conheci Luigi, proprietário de um dos poucos restaurantes que havia na cidade, foi ele que me mostrou onde ficava o albergue que eu tinha reservado.

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O albergue A’ Scalinatella é um local simples, mas muito simpático. Aliás, em Atrani todos me pareceram muito receptivos e amigáveis. Como cheguei mais tarde que o esperado, de imediato, decidi ficar um dia a mais pois vi que o local guardava agradáveis surpresas. No meu quarto, que era para cinco pessoas, havia só um americano de Los Angeles e mais ninguém.

Fui até a praia de areia escura e pedrinhas (assim como em toda a Costa Amalfitana), e caminhei pela calçada que acompanha a rodovia até chegar em um mirante. De lá é possível ver todo o vilarejo e entendê-lo melhor: a rodovia passa sobre uma espécie de ponte suspensa sobre arcos de pedras; a sua frente, fica a praia; e atrás fica a cidade subindo pelas encostas dos morros, com as construções se amontoando e dando aquele charme que vemos nos cartões-postais dessa região. O acesso à praia se dá por baixo dos arcos, assim como o acesso à cidade – lembra que desci as escadas ao desembarcar do ônibus? No mirante também descobri que a cidade serviu de cenário para uma porção de filmes.

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Eu estava mesmo a fim de caminhar e segui pela mesma calçada, contornei o morro e encontrei Amalfi – que possui cerca de 5,5 mil habitantes e dá nome à toda essa região. Bem maior que a cidade vizinha (e também mais cara), Amalfi – que já foi uma potência mercantil – fica com sua praia lotada nos meses mais quentes e possui um longo atracadouro que invade mar adentro e recebe cruzeiros. Devido à grande demanda turística, a cidade possui muitas opções de restaurantes e lojas espalhadas por suas ruelas.

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De volta à pequena Atrani, fui até o bar do Luigi para comer e utilizar a internet. Prestativo, vendo que meu computador não estava se conectando à sua rede, emprestou seu próprio notebook para que eu pudesse acessá-la. Sob o céu estrelado, degustei uma bruschetta acompanhada por uma cerveja Peroni.

Durante a noite, a temperatura caiu bastante, acordei com frio e me estiquei para puxar o cobertor da cama ao lado. Mas não foi suficiente. Despertei novamente com frio, me levantei e peguei mais um cobertor. Tive que forrar a cama para conseguir dormir.

Na manhã seguinte, tomei o café da manhã no aconchegante refeitório do albergue – que fica na praça –, e preparei as pernas para subir até Ravello, uma cidadezinha que fica no alto da montanha, logo acima de Atrani – Maher, o americano, dissera que chegou com as pernas trêmulas após uma dura caminhada de quatro horas.

Permeando passagens e becos estreitos, entre as casas dos moradores, eis que encontro as escadas que me levariam a Ravello. Centenas, milhares, uma quantidade infindável de degraus estavam por vir e queimariam os músculos e me obrigariam a fazer paradas frequentes. Ofegante, logo nos primeiros minutos, preocupei-me com o tempo que ainda teria de subida – já que o americano não tinha sido muito específico.

Logo, a árdua subida era, pouco a pouco, refrescada por paisagens deslumbrantes de vinhedos escorados pelos morros, resultado de um belo trabalho manual e familiar que, suponho, passava de geração em geração. As minhas paradas estratégicas serviam para fotografar e recuperar as energias para a próxima série de degraus.

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Após 50 minutos de subida, finalmente, cheguei à Ravello – uma cidadezinha de 2.500 habitantes. E nada melhor que receber as boas vindas de uma antiga moradora do local. É que no dia anterior, no ônibus entre Salerno e Atrani, conversei brevemente com uma senhora sentada ao meu lado. Por coincidência, ela cruzou o meu caminho no exato momento em que eu chegara à Ravello e me deu muitas dicas sobre o que fazer e visitar em sua cidade. A exaustão ficou de lado para dar espaço à curiosidade que eu tinha para explorar aquele vilarejo.

Passei por várias fábricas de cerâmica – especialidade local –, até chegar ao Duomo de fachada simples mas com um interior muito bem trabalhado. O destaque da cidade fica por conta da Villa Cimbrone – que hoje é um hotel, mas mantém seus jardins abertos para o público; cobra-se pela entrada. Flores de todos os tipos e esculturas se espalham pelo local e o Terrazzo dell’Infinito é o ponto alto, oferecendo uma das vistas mais deslumbrantes que se pode ter em toda a região. Trata-se de bonita uma varanda com colunas ornamentada por bustos, e ela fica de frente para o Mediterrâneo. Olhando para baixo, se vê o encontro da costa com o mar ao longo de quilômetros.

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O caminho de volta até Atrani foi bem mais fácil, pois era só descida. Logo ao chegar, troquei de roupa e fui para a praia. Deitei-me sobre a areia escura por alguns instantes e quando resolvi me refrescar, levei um susto com a temperatura da água. Estava muito gelada. Demorei para tomar coragem e mergulhar, mas não podia perder essa oportunidade de cair no Mediterrâneo. Foi um só mergulho e, imediatamente, voltei pra areia pra me secar ao sol.

Enquanto relaxava, também me divertia assistindo a uma partida atrapalhada de vôlei de areia. Os amadores, todos italianos, gastavam mais tempo discutindo e gesticulando que, de fato, jogando.

Decidi dar uma volta em Amalfi e encontrei a cidade muito movimentada. Era feriado, a estrada estava um caos, havia carros estacionados em fila dupla (e nos dois sentidos), cada milímetro do asfalto era disputados entre carros, motos, ônibus e pedestres tentando se mover. Pra piorar a situação, havia um navio atracado, o que causava um grande alvoroço entre os comerciantes. A praia também estava cheia e toda colorida por guarda-sóis e toalhas estampadas.

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Descolei um bar à beira mar para poder apreciar aquela muvuca. Pedi um sanduíche Típico (sim, é nome do lanche que se resume a queijo, salame e pão) e uma cerveja Peroni. A sobremesa ficou por conta de um delicioso sorvete italiano, claro. Depois passei um tempo no píer antes de voltar para Atrani.

No fim do dia, fui ao bar do Luigi comer uma pizza, também acompanhada por uma Peroni. Nesse dia meu único companheiro de quarto havia ido embora e eu era o único hóspede no quarto compartilhado.

Na manhã seguinte, levantei cedo para começar a maratona de viagem Itália-Grécia que eu tanto havia planejado – e que levaria mais de 24 horas. Tomei o café rapidamente e segui para o ponto de ônibus. Depois de uma hora, admirando as paisagens da Costa Amalfitana e conversando com um velhinho gente boa, cheguei à Salerno. De trem, segui para Caserta, onde tive que esperar cerca de três horas para pegar outro trem até Bari, na costa leste da Itália. Já eram 18h30 quando cheguei na estação central de Bari e, de lá, peguei um ônibus até o porto. Chegamos um pouco perdidos no porto (eu e mais um bando de mochileiros que estava no mesmo ônibus), mas logo encontramos a fila do check-in. Como eu tinha o Eurail Global Pass, adquiri uma cama dentro de uma cabine compartilhada – pois não saiu caro e eu não sabia como funcionava o que eles chamam de lugar no deck, pensei que poderia ficar exposto, ao ar livre. Ao embarcar, me impressionei, era simplesmente um mini navio, completo: piscina, jacuzzi, 10 andares, cabines, cassino, bares, lanchonetes, restaurantes, sala de internet, playground, discoteca, etc. A minha cabine era parecida com uma cabine de trem, havia seis camas mas só duas estavam ocupadas: uma por um senhor, e outra por um americano que conversei um pouco. Meu jantar de despedida da Itália foi espaguete à bolonhesa – clássico. Depois fui andar pelo ferry e parei na disco, onde havia uma excursão de pirralhada se divertindo aos montes. Fiquei lá por algum tempo, acompanhando de algumas Coronas e depois fui dormir.

Quando o dia seguinte amanheceu, já era possível ver a Grécia e não demoraria muito para aportarmos em Patras.

Veja mais fotos!!


Este é o 34º post da série Mochilão na Europa I (28 países)

Leia o post anterior: Roma e Vaticano em apenas dois dias

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GUILHERME GOSS

Turismólogo, travel writer e diretor da Reisen Turismo. Tem duas paixões: sua família e as viagens. Começou a viajar aos 17 anos e, até agora, 65 países não foram capazes de detê-lo! Sua melhor viagem é sempre a próxima!

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