Frankfurt não é só business (Alemanha)

Eu havia saído de Luxemburgo e, após uma rápida conexão em Koblenz, chegara a Frankfurt. Era a minha segunda vez na Alemanha, pois já havia participado de um intercâmbio cultural de seis meses em Berlim, em 2001/2002, seis anos antes.

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Sem saber o caminho, consegui alguma informação e cheguei à Lokalbahnhof, onde notei que continuava perdido. Pedi informação mais um par de vezes até poder, finalmente, apreciar uma relaxante caminhada noturna à margem do rio Main e chegar ao albergue. Hospedei-me no Haus der Jugend, um albergue grande, moderno e organizado, que possui uma linda vista do rio. Já era tarde e eu só tive tempo e disposição para comer e dormir.

Levantei cedo, tomei café da manhã e me joguei pro centro. Era tão cedo que a cidade ainda parecia estar acordando, estava muito pacata. Passei pela Zeil, um calçadão comercial, e cheguei a Römerberg, a praça símbolo da cidade, que reúne a Altes Rathaus (antiga Prefeitura), Ostzeile (conjunto de edificações típicas com a técnica enxaimel, cujas paredes intercalam hastes de madeira e pedras ou tijolos), a Fonte da Justiça (que alguns dizem ter jorrado vinho na coroação do Kaiser Matthias, em 1612) e, no chão, um marco, uma triste lembrança que levam as inscrições:

An dieser Stelle verbrannten am 10.Mai 1933 Nationalsozialistische Studenten die Bücher von Schriftstellern, Wissenschaftlern, Publizisten und Philosophen. Das war ein vorspiel nur, dort wo man Bücher verbrennt, verbrennt man am ende auch Menschen

(Neste ponto, em 10 de maio de 1933, estudantes nazistas queimaram livros de escritores, cientistas, publicitários e filósofos. Isso foi apenas um prelúdio, onde se queimam livros, no final queimam-se pessoas também)

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Visitei também algumas igrejas, como a medieval St. Leonhardskirche, a Alte Nikolaikirche com seus 40 sinos, e a imponente Kaiserdom Sankt Batholomäus.

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Parada obrigatória para quem visita a cidade é a Goethe Haus (casa-museu de Johann Wolfgang von Goethe). Nascido em Frankfurt, o autor de “Fausto, uma tragédia” é um dos maiores autores alemães e o museu mostra um pouco do seu dia-a-dia e de sua personalidade. Livros, quadros, manuscritos e móveis (incluindo sua escrivaninha) são apenas alguns dos objetos que se encontram (muito bem conservados) em exposição.

Em Mainhattan – apelido recebido pela zona de arranha céus, devido à semelhança com a ilha de Manhattan, em New York – pude ter as melhores vistas panorâmicas da cidade ao subir no terraço do Main Tower, um edifício comercial com a fachada inteira de vidro e 240 metros de altura.

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De volta à terra firme, cruzei mais uma vez com a Zeil (calçadão comercial que citei anteriormente), onde entrei na Kaufhof – umas das maiores redes de lojas de departamentos da Alemanha – e em outras lojas e galerias.

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Já era de tarde e eu não havia almoçado ainda. Procurei por alguns restaurantes e não resisti ao ler no cardápio um prato com a salsicha Frankfurter (típica da cidade), purê de bata, Sauerkraut (chucrute) e mostarda – mais tradicional, impossível!

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Caminhando novamente pelas margens do Main, cheguei ao albergue. Aproveitei para descansar e definir os próximos planos da viagem na sacada do meu quarto, enquanto aproveitava o cenário composto pelo rio, pontes e, ao fundo, Mainhattan.

Mais tarde, aproveitei para fazer algumas compras necessárias (itens de higiene e comida) para continuar a viagem e corri até a ponte para fazer algumas fotos noturnas.

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No outro dia, acordei com um companheiro de quarto japonês desesperado, dizendo que seu telefone celular havia sumido. Eu e os demais olhávamos a situação sem querer entender o que ele estava querendo dizer… Sem respostas, ele saiu do quarto. Segundos após essa situação constrangedora ele retorna com o celular na mão. E todos ficamos aliviados. Não perguntei mas, provavelmente, ele devia ter esquecido no banheiro ou na mesa do café da manhã.

Levantei, arrumei as coisas, tomei meu café e parti para a estação de ônibus. Diferentemente de quando cheguei, quando caminhei até o albergue, resolvi tomar o ônibus #46 que demorou mas chegou. Já na estação de trem fui abordado por dois pedintes, um deles era português – senti a estranha sensação de ver um colonizador pedindo esmola para a colônia. Sim, infelizmente, na Alemanha também tem disso. Despistei-os e segui para o trem que me levaria à Munique.


Este é o 21º post da série Mochilão na Europa I (28 países)

Leia o post anterior: Um dia em Luxemburgo (Luxemburgo)

Leia o post seguinte: Munique: uma das cidades mais interessantes da Europa

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GUILHERME GOSS

Turismólogo, travel writer e diretor da Reisen Turismo. Tem duas paixões: sua família e as viagens. Começou a viajar aos 17 anos e, até agora, 65 países não foram capazes de detê-lo! Sua melhor viagem é sempre a próxima!

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