Amsterdã ficava pra trás à medida que eu me aproximava da capital da Bélgica e da União Europeia. Pela primeira vez nessa viagem eu não me hospedaria em um albergue, mas sim na casa de um amigo brasileiro. Bem, na verdade era um conhecido. Ok, apenas conhecíamos gente em comum. Mas isso não importa, pois quando se está viajando e se tem um sofá grátis já pode ser considerado amigo!
O trem estava chegando em Bruxelas e eu havia me esquecido de pegar o endereço e como chegar na casa do Paulo. Já na estação central, percebi que a bateria do celular (que, até então, só servia como despertador) estava acabando. Encontrei um telefone público, mas era de cartão. Resolvi usar meu celular. Deu caixa postal. Ok. Pedi ajuda e fui parar na Grand Place, o coração da capital, para procurar um posto de informações. Não achei. O fato de estar vagando desorientado pelas ruas, com o peso da mochila em minhas costas começaram a me incomodar. Fiquei nervoso com a situação. Já estava quase no limite da paciência quando peguei novamente o celular. Ouvi o tom de chamada e… ele atendeu! Ufa! Peguei todas as instruções para chegar até seu apartamento e parti para o metrô.
Segui as coordenadas e encontrei o endereço facilmente. O apê era bacana, tinha uma sala descolada com móveis vermelhos e pretos e quadros dos Simpsons, GTA e Tomb Raider espalhados pela parede, além das bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo. O quarto que fiquei tinha um colchãozão no chão e um armário baixinho.
Depois de nos conhecermos e conversarmos bastante, fomos ao mercado onde aproveitei para comprar um HD externo e poder fazer back-up das fotos da viagem. Mais tarde, saímos para comer no Kabuki, um restaurante japonês (não era bem o que eu esperava fazer na Bélgica mas como eu era visita…). O local era bem agradável. Logo, nosso barco de sushi e sashimi belga chegou jorrando gelo seco – essa foi a parte que mais gostei. Era tudo tão decorado que engoli até um pouco (tá bom, foi um monte) de wasabi por engano!
Foto Kabuki: https://www.tripadvisor.co.uk/LocationPhotoDirectLink-g188644-d777408-i161842235-KABUKI-Brussels.html
No dia seguinte, começamos o passeio pelo Atomium, no Bruparck. A estrutura representa um átomo de ferro gigante – aumentado 165 bilhões de vezes. Originalmente construído apenas para a Expo 58, o Atomium permaneceu vivo graças à sua popularidade. Hoje, além de ser um símbolo da cidade, abriga exposições e um restaurante panorâmico.
Fomos ao centro mas, antes de explorá-lo, aproveitamos para almoçar no Quick – restaurante fast food belga. Visitamos a Grand Place, que dizem ser considerada a praça mais bonita do mundo pelo autor Victor Hugo. É lá que fica o exuberante Hôtel de Ville (Prefeitura) entre outros tantos belos prédios de arquitetura barroca e gótica.
Próximo dali, conheci o pequeno Manekken Pis ou, simplesmente, o mijãozinho de Bruxelas – uma estátua de bronze de um menino fazendo pipi que, segundo conta uma das versões, apagou uma bomba urinando inocentemente sobre ela.
Seguimos para a grandiosa Cathédrale de Saints Michel et Gudule, construída em estilo gótico, com belos vitrais do século 16, e depois continuamos até o Palais Royal, cujo acervo apresenta a vida da família real. Ao lado dele fica o Parc de Bruxelles, ideal para fazer uma pausa ou um piquenique.
Outro local ideal para dar um tempinho é a loja da Häagen-Dasz, parada obrigatória para um waffle com calda de chocolate e chantilly. Entre paradas e pernadas, chegamos ao Ascenseur de Marolles – um elevador de vidro que liga a cidade alta e a cidade baixa, bem ao lado do Palácio da Justiça.
Depois de um dia cheio, fomos pro apartamento e, como forma de agradecimento, achei justo lavar toda a louça que estava acumulada.
No meu último dia em Bruxelas, aproveitei para ir até o correio mandar algumas coisinhas que já estavam pesando no mochilão. Entre informações certas e erradas, encontrei o local, encaixotei as coisas e despachei. Saindo de lá, senti falta do mapa que havia emprestado do Paulo. Procurei em todos os bolsos da calça, da jaqueta e nada. Na mochila também não estava. Pensei tê-lo colocado por engano dentro da caixa. Voltei para o correio. Para minha sorte, a atendente era muito gente boa e pegou a caixa para que eu verificasse. Surpreso, vi que não estava lá também. Olhei no chão, no lixo e, por último, na mesa onde montei a caixa e lá estava meu mapa. Aliviado, e com o mapa na mão, pude seguir em frente.
Visitei o Parc du Cinquantenaire onde está localizado o Arco do Triunfo belga, chamado Arcades du Cinquantenaire, monumento em comemoração aos cinquenta anos da independência. Depois parti em busca do Parlamento Europeu – uma das sedes da UE. No caminho enfrentei chuva, driblei mais algumas informações erradas e presenciei uma manifestação de um grupo da Somália (mas não entendi o que reivindicavam) até que, finalmente, consegui encontrar o Parlamento! E próximo a ele fica o Leopold Park, um local calmo para uma caminhada junto à natureza.
Voltei para o centro. Enquanto procurava algum suvenir, encontrei meu almoço – e peguei uma fila imensa pra comer o disputado sanduíche recheado de linguiça e batatas fritas (sim, elas vão dentro do lanche). Na terra da batata frita (título disputado com a França), levei de brinde um cone com mais batatas. De sobremesa, comi mais um waffle – não tão bom quanto o da Häagen-Dasz, mas ok.
Começou a chover e resolvi ir para o apê resolver algumas pendências da viagem. Fiz as reservas para as próximas cidades e organizei o mochilão. Senti que o tempo estava passando rapidamente (bom sinal pra quem está viajando).
Ao anoitecer, fui com o Paulo num restaurante ali perto. O Cook & Book é uma proposta interessante de livraria-restaurante ou restaurante-livraria, e a comida é ótima.
De manhã cedo era hora de por a mochila nas costas e pegar a estrada, digo, os trilhos, novamente. Dessa vez, embarquei rumo ao ainda pouco conhecido Luxemburgo.
Este é o 19º post da série Mochilão na Europa I (28 países)
Leia o post anterior: Sexo, drogas, história e arte (Amsterdã, Holanda)
Leia o post seguinte: Um dia em Luxemburgo (Luxemburgo)
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