Ainda era de manhã quando pisei na terra dos vikings. Desembarquei com a pressa de quem sabia que o tempo era curto pra conferir tantas atrações que a capital norueguesa possui, afinal, estamos falando de uma cidade com quase 1.000 anos de existência!
Saindo da estação, caminhei até o Anker Hostel, um albergue bacana, com quartos grandes que possuem até uma pequena cozinha (sim, dentro do quarto). O café da manhã é servido em um restaurante a poucos metros.
Decidi começar meu roteiro em direção ao porto, para encontrar a entrada do Akershus Slott, o castelo medieval construído em 1299. Com o passar dos anos, transformou-se em uma fortaleza (Akershus Festning) e, mais tarde, em um castelo renascentista. Entre os destaques, estão a igreja, o mausoléu real, as salas da recepção e salões de banquete. A região que circunda o castelo é muito agradável, possui gramados e bancos, onde se pode passar horas admirando a paisagem e a Baía de Pipervika. Só tome cuidado com os corvos, um deles quase me atacou!
Cercada por uma praça com fontes e monumentos, e ocupando um prédio feioso, fica a Rådhus (Prefeitura). Anualmente, neste local, é realizada a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz. Ali ao lado, pude presenciar uma orquestra ensaiando ao ar livre – no mínimo, diferente!
Mais adiante encontrei o Aker Brygge, uma área moderna com centro de compras, bares e restaurantes badalados – alguns deles instalados em barcos atracados. A atmosfera do ambiente é muito agradável e a comida daqueles restaurantes parecia ser incrivelmente deliciosa; mas era cara e fora de cogitação para um mochileiro em final de viagem – como eu, naquela ocasião!
Continuando, passei pelo Nationaltheatret, cercado pelos belos jardins, estátuas e fontes do Studenterlunden Park. Nas quadras ao lado ficam a Universidade e a Nasjonalgalleriet (museu que expõe O Grito e Madonna de Edvard Munch) e, logo à frente os Slottsparken (Jardins do Castelo) e o próprio Kongelige Slottet (Palácio Real). Para retornar, segui pela agradável Karl Johans Gate, a principal via da cidade – cuja maior parte é zona de pedestres. No caminho são inevitáveis algumas paradas para ver os artistas de rua, entre os quais se destacavam duas meninas cantando e tocando lindamente a música Leaving on a Jet Plane de John Denver. Ainda passei na estação de trem para pegar os horários atualizados antes de chegar ao albergue.
Quando cheguei no meu quarto, fui surpreendido por um italiano (que morava em Sevilha, na Espanha) animando o ambiente ao som de sua tabla – um instrumento de percussão indiano – enquanto treinava suas técnicas. Antes de dormir, tentei reservar algum albergue em Estocolmo, mas não encontrei nada disponível.
No outro dia fiz check-out no albergue e deixei minha mochila no locker da estação. No guichê, tentei reservar um trem noturno para Estocolmo (para compensar o fato de eu não ter reserva), mas não havia.
No posto de informações turísticas me informei onde pegar o ônibus 30 para chegar à península Bygdøy – a região de concentra os museus mais interessantes da capital norueguesa.
A primeira parada foi no Vikingskipshuset (Museu do Barco Viking) cujos destaques são três embarcações originais, encontradas em escavações. Interessante saber que os barcos eram enterrados juntamente com seus donos e um dos barcos expostos, inclusive, foi enterrado com uma rainha.
Caminhando um pouco pela península cheguei ao Norsk Folkemuseum (Museu Norueguês de História e Cultura). É uma grande área a céu aberto que expõe construções originais de todas as regiões do país. É um passeio relaxante. O destaque deixo para as enormes casas de madeira de dois andares com grama nos telhados. Há também uma exposição de trajes e objetos típicos.
O museu seguinte foi bastante especial pra mim: Frammuseet (Museu Fram). Na preparação para esse mochilão, eu havia lido alguns dos livros de Amyr Klink que relatava a história do Fram, o primeiro navio a chegar ao polo sul, comandado pelo navegador norueguês Roald Amundsen (que disputava o feito com o inglês Robert Falcon Scott). O destaque, obviamente, é o próprio navio que pode ser visitado – inclusive em seu interior que guarda relíquias da tripulação.
Não resisti e entrei em outro museu que leva o nome de uma embarcação, o Kon-Tiki Museet. Nesse momento, eu já estava completamente tomado pelo clima e pelo espírito das navegações, aguçados pelas incríveis histórias. Este museu exibe embarcações feitas com técnicas de antigas civilizações, utilizadas pelo arqueólogo, explorador e antropólogo Thor Heyerdahl para provar a hipótese do contato entre esses povos, através da navegação. Os barcos expostos são Kon-Tiki, que cruzou o trecho Peru-Polinésia; e o Ra II, que viajou do Marrocos até o Caribe.
Após esse baita passeio, peguei o ônibus (e congestionamento) de volta para o centro. Por sorte, presenciei um longo e belo desfile militar de vários países. Depois almocei um fast-food (sempre economizando na Escandinávia) e embarquei para Estocolmo (Suécia), meu penúltimo destino do mochilão. Ou não!?
Este é o 50º post da série Mochilão na Europa I (28 países)
Leia o post anterior: Passeando a pé por Copenhague
Leia o post seguinte: Em Malmö, por acidente
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