O dia amanheceu e eu acordei empolgado. O trem andava rápido e meu coração batia junto com o som dos trilhos. Após sete anos do meu intercâmbio, eu estava voltando a Berlim para reencontrar a família que me hospedara naquela ocasião.
Desembarquei do trem e peguei o S-Bahn (trem municipal) até a Alexanderplatz – local que eu visitava quase todos os finais de semana enquanto morei na cidade, que nostalgia! Caminhei por parte da praça até chegar ao ponto do tram, onde aguardei por alguns minutos. Segurei a emoção e embarquei. Parecia que nunca havia deixado a cidade.
Poucos minutos depois, o tram chegou ao meu ponto. Desci e caminhei a pé até a minha rua (acho que posso chamá-la assim!). O prédio havia sido pintado, estava bonito. No interfone, pressionei botão ao lado do sobrenome da minha família alemã (lá se usam os sobrenomes ao invés dos números). Foi Andreas, o pai hospedeiro, que me atendeu. Abri a porta do prédio e à medida que subia os lances da escada, a qual já subira centenas de vezes anteriores, a ansiedade só aumentava.
Ao chegar no andar Andreas me esperava com a porta aberta e, enquanto nos cumprimentávamos, apareceu Birgit, a mãe. Ela, com os olhos marejados, me deu um abraço caloroso, cheio de saudade. Foi um momento muito especial pra mim. Há sete anos não os via e tampouco sabia se esse dia de reencontro iria chegar. Balti, o irmão mais novo, estava dormindo e Maggi, a irmã, não morava mais com eles.
O café da manhã foi como uma viagem no tempo: o mesmo chocolate em pó, o mesmo creme de avelã (Nusskati), o mesmo cream cheese (Lys) e as inconfundíveis risadas de Andreas.
Depois do café, sentamos na sala de estar onde tive uma longa e interessante aula sobre a Índia. Andreas viveu algum tempo lá e trabalhou em uma universidade alemã traduzindo textos hindus para o alemão. Profundo conhecedor da cultura indiana, me explicava em detalhes os significados dos símbolos enquanto me mostrava fotos dos mais variados templos. Após algum tempo chegou Balti, cabeludo e barbudo, bem diferente daquele menino adolescente que me despedi sete anos antes. Levamos a manhã toda conversando.
Para o almoço, Birgit preparou uma deliciosa macarronada. Mais tarde chegaram Pierre, o melhor amigo de Balti, e Maggi, a irmã. E dá-lhe conversa! Saímos os quatro juntos para passear pela cidade, que a cada vez está mais incrível.
Começamos pela Rotes Rathaus (Prefeitura Vermelha), um belo prédio renascentista que foi reconstruído entre 1951 e 1958, devido aos estragos da Segunda Guerra.
Perto dali, fica a minha querida Alexanderplatz, a emblemática praça da Fernsehturm (Torre de TV) que possui no topo um mirante 360 graus e um restaurante giratório. A praça também abriga o interessante Weltzeituhr, um relógio que mostra a hora do mundo todo e a Brunnen der Völkerfreundschaft (Fonte da Amizade). A praça também é um ótimo local para relaxar e tomar um chope e comer uma Bratwurst, enquanto se assiste ao vai-e-vem das pessoas. Para quem gosta de fazer compras (ou espiar as novidades), vale a pena visitar a Galeria Kaufhof e a Saturn.
A próxima parada foi na Berliner Dom, a impressionante Catedral de Berlim que abriga em seu interior uma cripta com cem tumbas da família real Hohenzollern. Sua cúpula é imperdível e está acessível para quem estiver disposto a subir seus 270 degraus.
Ao atravessar as ruas é impossível não parar para tirar uma foto do Ampelmann, o simpático bonequinho dos semáforos. O homenzinho foi criado pelo psicólogo Karl Peglau em 1961, como uma maneira de chamar mais atenção dos pedestres para o trânsito. A ideia deu tão certo que o boneco ganhou uma linha completa de disputados suvenires.
Caminhando pela rua Unter den Linden (a mais famosa e atrativa da cidade), passamos pela Universidade Humboldt e continuamos até o Brandenburger Tor (Portão de Brandemburgo), símbolo da cidade, é o único portão que resistiu entre os 14 que rodeavam a cidade.
Bem próximo dali, fica o Bundestag (Parlamento) – ou Reichstag como era chamado até pouco tempo atrás. O prédio, inaugurado no ano 1894, sofreu graves danos ao longo de sua história. Hoje seu maior destaque é a cúpula de vidro com passarelas internas em espiral (sim, dá pra andar por dentro dela), instalada em 1999.
Maggi se despediu, pois tinha que estudar. Balti, Pierre e eu, fomos até a Hauptbahnhof (Estação Central) – a estação de trem mais bonita que já vi; ela é toda de vidro e um design que lhe dá um interessante ar futurista. Pra refrescar, cada um pegou uma cerveja Berliner Pilsner e o passeio continuou.
Atravessamos uma parte do Tiergarten, um enorme e agradável parque. Antigamente, os reis da Prússia o utilizavam para caçar, hoje o que se vê, principalmente no verão, é muita gente praticando exercícios, fazendo piquenique, ou simplesmente relaxando e pegando um bronze.
Nossa próxima parada foi na Potsdamer Platz. O local que antigamente era terreno morto, sem pertencer a nenhuma das Alemanhas, hoje abriga o Sony Center, um complexo com um design incrível que possui cinemas, cafés e centro de compras. A praça tem ainda uma cobertura que abre no verão e fecha no inverno.
Chegamos ao Checkpoint Charlie, um dos meus pontos preferidos da capital. O local era um dos postos de controle que existiu durante a divisão alemã. O guichê policial e uma placa informando a mudança de setor estão expostas na rua disputando as fotos dos turistas. Ah, e no guichê eles carimbam o passaporte com os sete carimbos originais da época. O Museum Haus am Checkpoint Charlie mostra muitas histórias que marcaram o local, entre elas, milhares de tentativas de fuga (algumas bem sucedidas) estão registradas em texto, fotos, vídeos e até objetos utilizados nas ideias mais inusitadas que se pode ter.
Ao fim de um dia incrível, voltamos pra casa. E depois de um jantar generoso, saímos para encontrar outros amigos de Balti na noite de Berlim. O destino era um bar tranquilo da capital. Depois de algumas cervejas e caipirinhas, alguém teve a magnífica ideia de pedir uma rodada de tequila – curiosamente acompanhada por canela e laranja ao invés dos tradicionais sal e limão. Deixamos o bar e fomos até uma estação de metrô, onde não resistimos a um bom fast-food. Ainda animados, fomos para outro bar. E outro. O que seria uma noite tranquila, virou um legítimo pub crawl! O mais bacana entre os bares que visitamos era um com chão de areia, palmeiras e bancos rústicos – dava realmente a impressão de estar na praia, mas não me lembro do nome. A noite de Berlim é imperdível – e inevitável!
No dia seguinte, encontramos Pierre na Alexanderplatz e seguimos até a Kurfürstendamm (ou apenas Ku’damm). Esta é uma das áreas comerciais mais importantes da cidade e é o endereço de muitas lojas famosas e outras tantas alternativas. O shopping Europa Center também está localizado ali, com seu famoso relógio d’água (anos atrás, existia um igualzinho no shopping Iguatemi, em São Paulo). Mas o grande cartão-postal da região de Ku’damm é a Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirsche (Igreja Memorial Kaiser Wilhelm) que havia sido construída para homenagear o primeiro imperador da Alemanha. A destruição dessa igreja deu-se pelos bombardeios da Segunda Guerra, restando apenas uma torre – também danificada; ao lado, um campanário foi construído e hoje conta sua história por meio de uma exposição.
Saímos do lado oeste para o leste, até chegarmos na East Side Gallery, o melhor local para se ter uma ideia da dimensão do Muro de Berlim. Trata-se de 1,3km do muro original que ainda está de pé e, mais que disso, virou uma grande tela para que diversos artistas possam expor seus trabalhos (e opiniões). Aliás, o Muro – símbolo máximo de Berlim –, teve 155km de extensão e permaneceu vivo por 28 anos até que, aos 9 de novembro de 1989, ocorreu sua queda determinando um importante passo para reunificação da Alemanha e dando um novo sentido para a história mundial.
De volta pra casa, o dia terminou com grandes sessões de fotos mostradas por Andreas, Birgit e eu, ao redor do computador.
No outro dia, acordei e fui direto para o aeroporto Tegel, pois precisava fazer uma alteração na minha passagem. Durante os mais de dois meses, consegui adiantar a viagem em alguns dias pois peguei muitos trens noturnos. Por isso, voltaria um pouquinho mais cedo pra casa e comemoraria o meu aniversário (e o sucesso da viagem) junto com a minha família. Após ter feito a alteração, passei novamente pelo Ku’damm para comprar alguns suvenires.
À tarde, Balti e eu fomos até a cidade de Potsdam para visitar o Schloss Sanssouci, antigo Palácio de Verão de Frederico, o Grande. O que mais o difere é a enorme escadaria ladeada de jardins. Na volta, paramos no caminho para visitar o Schloss Charlottenburg. O palácio que, originalmente, tinha outro nome, foi rebatizado pelo rei Frederico após a morte de sua esposa, a rainha Sophie Charlotte. Ao fundo do castelo, no Schlosspark, tem-se as mais belas vistas do mesmo a partir de uma ponte que permite vê-lo refletido no lago.
Mais tarde, encontramos Maggi e Pierre em casa e fomos até o Scotch and Sofa, um barzinho descolado que está entre os melhores de Berlim. Aproveitamos a ocasião para nos despedirmos – era minha última noite na capital alemã.
Berlim, definitivamente, é uma cidade que eu amo visitar. Além, é claro, de poder rever minha “família” e amigos, lá consigo ver belezas que não vejo em nenhum outro lugar, talvez por sua história tão envolvente.
De mochila pronta, me despedi de todos e segui meu caminho mais uma vez. Peguei o tram até Alexanderplatz e segui de S-Bahn até a Hauptbahnhof, de onde tomei o trem para Copenhague, na Dinamarca.
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Este é o 48º post da série Mochilão na Europa I (28 países)
Leia o post anterior: Um tour a pé por Cracóvia (Polônia)
Leia o post seguinte: Passeando a pé por Copenhague
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